Pombos e psicología: uma entrevista dos professores do departamento.
Com a direção de Lucas Rocheti, a TV Conectado realizou um especial no Hiperconectado sobre pombos, que foi transmitido o 04 de outubro de 2023. Neste programa, foram entrevistados diversos profissionais e cientistas para explorar a historia, a vida e o comportamento dos pombos. Entre os convidados, destacaram-se os professores do departamento: Gerson Yukio Tomanari, do Laboratório de Análise Experimental do Comportamento, o professor Marcelo Benvenutti, do Laboratório de Análise Experimental do Comportamento Social e Fenômenos Culturais e o Dr. psicologia experimental Saulo Velasco. Também participaram o Prof. Adjunto do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, Guilherme R. Brito, o Curador Sênior de Pássaros no Museu de História Natural de Tring (Reino Unido), Hein Van Grouw, o Biólogo da Prefeitura de São Paulo especializado em Zoonoses, Gladyson Costa, e o columbófilo Guilherme Silva.
O Prof. Gerson Tomanari descreveu o uso dos pombos em estudos de processos de aprendizagem. Ele explicou que em seu laboratório tem pesquisado se os pombos são capazes de deduzir relações lógicas. Ele ilustrou a dedução de relações lógicas em humanos com um exemplo: quando aprendemos uma língua estrangeira, podemos relacionar uma palavra nova com a palavra falada e escrita em português, bem como com sua imagem, mesmo que a nova palavra tenha sido inicialmente relacionada apenas com a imagem.
A ideia por trás do experimento foi identificar se os pombos são capazes de formar classes simbólicas com base em suas experiências de vida. Para isso, utilizaram uma caixa com um disco de resposta e imagens das obras arquitetônicas de Neymaier. Eles ensinaram aos pombos que uma imagem (A) estava relacionada com outra imagem (B) de Neymaier. Sempre que o pombo bicava quando as duas imagens estavam presentes, ele recebia comida. Em seguida, relacionaram outras duas imagens, uma que já haviam aprendido (B) com uma nova imagem (C). Ao final, avaliaram se o pombo respondia à relação não aprendida entre a primeira imagem (A) e a última imagem (C). Esse tipo de experimento faz parte dos estudos de equivalência de estímulos, que investigam o comportamento simbólico. O autor destaca que “O segredo do nosso experimento foi permitir que o pombo estivesse constantemente envolvido em um processo permanente de aprendizagem. Os pombos são capazes de usar símbolos e fazer deduções com base nas relações que aprendem entre esses símbolos”.
O professor Marcelo Benvenutti descreveu outra linha de pesquisa que também tem se explorado com a ajuda dos pombos. Nessa linha, investigam as diferenças entre processos de aprendizagem sociais e individuais. Eles têm se questionado se os pombos são capazes de cooperar e, caso sejam, quais elementos são necessários para que os pombos escolham entre o trabalho individual e o cooperativo. Para responder a essa pergunta, eles desenvolveram uma caixa experimental para observar o comportamento dos pombos em situações de trabalho individual e cooperativo. Nessa caixa, colocaram dois pombos e observaram se eles ajustavam ou não seu comportamento com base nas ações do outro pombo, identificando quais elementos são críticos para essa escolha entre o trabalho individual e o cooperativo. Os resultados demonstraram que a cooperação dos pombos depende das condições experimentais, sendo influenciada pelos benefícios da cooperação e pela distribuição desses benefícios. A cooperação é vantajosa quando a soma de esforços se traduz em ganhos mútuos. Além disso, a distribuição equitativa desses ganhos desempenha um papel importante na decisão de cooperar, dependendo de uma distribuição dos bens mais justa e equitativa.
Pela sua parte, o Dr. Saulo Velasco discutiu a divisão de papéis entre os pombos, onde um assume o papel de líder e o outro de seguidor. Um dos pombos toma a iniciativa e o outro o segue. Além disso, o professor Guilherme R. Brito descreveu a chegada dos pombos à América e seu desenvolvimento inicial. Hein Van Grouw explicou como os pombos se adaptaram às cidades e o papel deles nas guerras, atuando como mensageiros. Gladyson Costa falou sobre os efeitos na saúde humana e na arquitetura da cidade devido aos pombos, destacando a importância de não alimentá-los para melhorar a saúde tanto dos pombos quanto das pessoas ao redor. E Guilherme Silva descreveu as diferentes raças de pombos e as competições envolvendo esses animais.
Alem de interessante e divertida, o programa pode ser uma convite, para pesquisar em analise experimental do comportamento e decifrar os comportamentos mais complexos dos animais e os humanos. Alem disso, mostra a importância do uso dos pombos em pesquisas do analise do comportamento, com a capacidade de fornecer informações valiosas sobre processos comportamentais simples e complexos.
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