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Sobre a teoria da técnica de Fenichel: uma reflexão ética sobre a prática psicanalítica

Recorte do artigo em PDF

A revista Interação em Psicologia publicou, em 2022, o artigo “Sobre a teoria da técnica de Fenichel: uma reflexão ética sobre a prática psicanalítica”, de José Henrique Parra Palumbo e Nelson Ernesto Coelho Junior, resultado do doutorado do primeiro autor no PSE-USP. 

Link de acesso: https://revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/78779

Esse artigo recupera a produção científica do psicanalista Otto Fenichel (1897-1945), que participou da primeira geração de pesquisadores ao redor de Freud. Sua obra contém uma reflexão epistemológica sobre as condições do conhecimento psicanalítico, incluindo o contexto material e histórico de produção desse conhecimento, que é recuperada pelos autores do artigo de modo a investigar as implicações éticas dessas proposições. 

A partir da análise da obra de Fenichel sobre a teoria da técnica, emerge a proximidade entre teoria e técnica, entre metodologias de pesquisa e terapêutica. O artigo aponta que a investigação psicanalítica almeja simultaneamente a produção de um conhecimento geral sobre o funcionamento mental e a construção de uma técnica terapêutica eficaz. Isso coloca uma finalidade prática para a psicanálise, uma vez que a teoria deve fundamentar a prática terapêutica, e a prática deve permitir a construção da teoria. Essa dimensão prática abre o horizonte de uma reflexão ética: o que orienta a ação do terapeuta? Qual seu embasamento, e quais são seus objetivos?

Na clínica, a intervenção se localiza entre o universal, nos referentes teóricos construídos a partir da prática, e o singular, no encontro com a alteridade de cada paciente.  Assim, a finalidade prática da psicanálise abre uma dimensão ética que atravessa a teoria da técnica, junto com os valores que orientam os objetivos terapêuticos e a noção de cura. Esses valores estão além da produção de conhecimento e da eficácia. A dupla ambição das práticas de cuidado – de produzir ao mesmo tempo um conhecimento legitimado e uma intervenção sobre o sofrimento – é reconhecida como um limite. 

O artigo conclui então com uma defesa da reflexão permanente sobre a prática clínica: sobre seus princípios, suas finalidades, suas condições de existência… A ética se articula à reflexão técnica, devido ao: “caráter prescritivo e moral de toda prática terapêutica, e, claro, dos seus efeitos diretos sobre a vida de outrem, é inescapável responder a este tipo de questionamento técnico, mas também fundamentalmente ético” (Palumbo e Coelho Júnior, 2022, p. 349)