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20 anos CAIS-USP: um evento para se lembrar a importância da interação ciência e aplicação

Chamada ao evento 20 ANOS CAIS USP

 

Precisamos de nossa epistemologia, de nossa filosofia, para ser possível fazer novas análises funcionais diante de novos problemas (Martha Hubner, 13 de abril do 2023)

 

Com o evento “20 anos CAIS-USP: Formação gratuita para o atendimento de excelência a crianças com TEA e a seus pais”, em 13 de abril do 2023 o Centro para autismo e Inclusão Social (CAIS) comemorou os seus 20 anos. No evento realizado no auditório Carolina Bori, no Instituo de Psicologia da USP, mostrou-se como a instituição se constituiu e como estuda, produz e aplica a ciência.

A Dra. Martha Hübner, fundadora e coordenadora de CAIS-USP e professora titular da Universidade de São Paulo, abriu a mesa com a frase “É um dia de festa e uma festa que apresenta o que a  gente sabe fazer”. Em seguida, apresenta todas as instituições que, baseadas no CAIS-USP, foram criadas para atender ao autismo com base na ciência: Clínicas como Grupo Contingência, Casa 3, Clínica Skills, TatuTEA, agora replicam o trabalho de inclusão social do autismo. Aquele saber fazer refere-se à importância do trabalho técnico, que além de um conhecimento sobre como fazer, é baseado no conhecimento científico:

A técnica simplesmente não nos fornece a ferramenta para desenvolver e aprimorar a nossa área. Não é um pacote fechado de procedimentos, é customizado. Uma boa indicação do quanto nos importa verdadeiramente cada cliente, é a forma com descrevemos o que fazemos com cada um. Os princípios, descobertos em laboratório, em pesquisas cuidadosamente planejadas, já foram demostradas em um imenso conjunto de populações

Na mesa de abertura também estavam a Profa. Dra Dora Fix Ventura, Vice-Presidente da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (2013-2015) e Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia (2013-2015), que fez uma introdução sobre a constituição do CAIS-USP: na Academia Brasileira de Ciências, fundada em 1916, hoje com 107 anos, com o objetivo de reunir cientistas que pudessem estimular o desenvolvimento científico e tecnológico do país. A academia, que representa a ciência brasileira no seu mais alto nível de rigor, em 2003 acolheu a professora Martha Hübner para trazer a sua experiência em Análise do Comportamento, especificamente no comportamento verbal com pessoas com deficiências, como um estudo teórico, básico e aplicado nessa área. Foi assim que iniciou o Programa Integrando para a atenção ao autismo com as instituições: American Institute for Research, a USP, a UFF, a Maryland University e Milwaukee University, financiado pela CAPES-FIPSe e FAPERJ.  Esse programa integrando consistiu em uma troca de conhecimentos entre profissionais das universidades americanas e brasileiras, com o objetivo de aumentar a efetividade das ações voltadas a tornar pessoas com deficiência mais independentes em seu cotidiano, favorecendo a sua integração social. O CAIS-USP surgiu a partir deste programa e passou a atender pessoas com autismo em suas casas e posteriormente na USP, oferecendo treinamento de habilidades fundamentais, tais como jardinagem e culinária e habilidades básicas ao aprendizado, em geral, sobretudo competências verbais.

Para continuar com o evento e o devir histórico de CAIS- USP, Paula Debert, professora doutora da Universidade de São Paulo e coordenadora do programa de graduação de psicologia, afirmou que

O CAIS e o melhor exemplo de integração entre pesquisa, extensão e ensino. É um espaço onde aquela integração acontece de verdade.

A Dra. Debert continuou dizendo que a integração entre teoria e aplicação do analise do comportamento foi acontecendo para dar lugar á ideia de ter uma disciplina: a disciplina “Analise do comportamento aplicado ao autismo. Nessa disciplina, os alunos têm a oportunidade de aplicar os princípios básicos do analise do comportamento ao mundo real. De acordo com a professora Debert, essa disciplina e o CAIS, são exemplos excelentes de como fornecer um espaço de integração de ensino, pesquisa e extensão, parabenizando o programa pelos seus 20 anos.

A sua vez, Deisy das Graças de Souza, Professora Titular da Universidade Federal de São Carlos, Docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial bem como membro do Conselho do Instituto de Estudos Avançados e Estratégicos, expressou a sua gratidão pela dedicação da Dra. Martha ao investir em pesquisa e formação de recursos humanos, e por sua atenção à população com necessidades especiais. Ela enfatizou que o CAIS é um dos centros de pesquisa que tem contribuído significativamente para o desenvolvimento do repertorio verbal e possibilidades de comunicação, sendo um grande prazer para ela agradecer por todo o trabalho realizado.

Para fechar a mesa de apertura, a doutora Hubner lembrou á audiência que “A prática sem a teoria e a pesquisa básica sega”, destacando que a pesquisa experimental, aplicada, e a prática professional do CAIS, são baseados no analise do comportamento, uma ciência. Dessa forma, uma tecnologia baseada na evidencia e controlada, disse a doutora Hubner, é uma técnica que envolve conhecer as pesquisas sobre os processos e princípios que derivam o conhecimento sobre como fazer, de modo a fazer melhor, e da ciência, que envolve o conhecimento e a filosofia para que se aplique a tecnologia em uma direção coerente:

“A atenção ao autismo não se define a priori; a terapia depende do contexto da criança, do seu neuro-divergência e as suas necessidades. Os atendimentos precisam ser individualizados, sistemáticos, bem estruturado, sendo escopo conceitual solido. São atendimentos que promovem mudanças em comportamentos, de tal forma que: adquiram uma função adaptativa social relevante, que sejam generalizáveis para uma diversidade maior de ambiente, e mantidos ao longo de tempo”

De esquerda a direita Dra Dora Fix Ventura, Dra Martha Hübner, e Dra, Paula Debert
Foto: Natalia Mucheroni

Depois da Mesa de Apertura, a doutora em psicologia experimental da USP e fundadora da clínica tatuTEA, Livia Aureliano, apresentou a origem, profissionalização e egressos do CAIS-USP.  Através de sua pesquisa o “O uso da Análise de Sistemas Comportamentais para o aprimoramento dos serviços prestados pelo Centro para o Autismo e Inclusão Social (CAIS-USP)” a Dra. Aureliano apoiou a constituição organizacional do CAIS-USP a través da aplicação da ciência do comportamento á técnica organizacional.

Durante seu trabalho definiu-se a missão do CAIS como Formar profissionais especializados em atendimento a crianças com diagnósticos de TEA sob referencia teórico de analise do comportamento, por meio da apresentação do serviço das crianças. Assim, o principal objetivo do CAIS foi definido como formar os estudantes para colaborar para inclusão social de pessoas com TEA, para assim fornecer atendimento as crianças diagnosticadas com TEA e aos seus pais. Assim mesmo, o CAIS tem como objetivo divulgar o analise de comportamento aplicada e contribuir para o desenvolvimento da ciência da analise do comportamento. Dessa, demostrou a utilidade do analise de sistemas comportamentais, especificamente, modelo de engenheira de sistemas comportamentais Malott, no sistema do CAIS-USP. Deu também lugar a que aulas associadas ao CAIS tivessem em conta programas de ensino preenchidos individualmente a cada aula com avaliações em tentativas discretas, que demostrou a melhoria do desempenho individual a cada etapa, entregue na semana seguinte a avaliação.

De esquerda a direita Dra Livia Aureliano, e  Dra Martha Hübner
Foto: Ludmila Casagrande

Após a palestra da Dra. Aurelinao, o Dr Richar Mallot Professor emérito de Psicologia na Western Michigan University e Diretor da Academia Kalamazoo apresentou-se com a frase

Save the world with ABA, one kid at time

Ele fez uma apresentação desenhada para não anglófonos com diferentes níveis educanais, para apresentar o seu laboratório e a sua clinica Kalamazoo. Tanto a apresentação quanto a clínica e o seu laboratório foram exemplos perfeitos do saber fazer baseado no fazer conhecer: Aplicando os princípios básicos do comportamento, e até mesmo sem a necessidade da mediação verbal tradicional, o Dr. Mallot apresentou imagens e pocas palavras sobre o seu laboratório e clínica. Em essas instituções, o professor também rompeu com a pedagogia tradicional para ensinar a estudantes habilidades como terapeutas o que derivou nos melhores resultados académicos y aplicados dos Estados Unidos. Durante a sua palestra, o dr. Mallot destacou a importância da ciência na sua aplicação em diferentes níveis.

De esquerda a direita Dra Richard Mallot (Na tela) e Dra Martha Hübner
Foto: Natalia Mucheroni

Depois de outras palestras que destacaram a importância da análise aplicada do comportamento em diversos aspectos da vida social, a palestra da doutora Karola Dillenburguer, diretora do Centre for Behaviour Analysis coordenadora do MSC Autism Spectrum disorders e professora da universidade da Queen’s Belfast University, abordou a deturpação da análise do comportamento aplicada e a importância do reconhecimento profissional. a professora Karola denunciou notícias falsas que têm sido divulgadas tanto em médios de comunicação como em médios científicos sobre o analise aplicado do comportamento. Ela refutou essas afirmações com base na filosofia do analise do comportamento e na evidencia, argumentado que a análise aplicada do comportamento é uma ciência, não um modelo, que funciona com base no conhecimento do comportamento humano, e por aquela ração, usando reforçadores e não de punição para o estabelecimento e manutenção dos comportamentos.

A doutora Karola também explicou que a análise aplicada do comportamento tem sido usada para tratar várias comorbilidades psicológicas, incluindo o TEPT, a depressão e a diminuição das tendências de suicídio. Alem disso, ela destacou que ao ser baseado na ciência não, a analise aplicado do comportamento não e baseada em preconceitos sociais, mais das necessidades dos indivíduos que assistem a terapia, para a sua construção. Presenteou assim a aplicação do analise do comportamento como uma ciência que pode gerar tecnologias que, alem de ser efetivas, respeitam os princípios éticos dos seus participantes, e esta alinhada com a convenção dos direitos das pessoas com deficiências, da ONU, e a declaração de los direitos a tratamentos eficazes, da ABAI.

De esquerda a direita Natalia Mucherioni, Dra João Lucas Bernardi, e Dra Karola Dillenburguer (na tela)
Foto cedida por Natalia Mucheroni

Para continuar com a comemoração dos 20 anos do CAIS, se apresentou o dia a dia do CAIS-USP, e a sua integração entre ensino, pesquisa e aplicação. João Lucas Bernardi, doutor em Psicologia experimental da USP, Talita Souza da Silva, Supervisora do CAIS USP, Natalia Mucheroni, doutoranda em Psicologia experimental da USP e supervisora do CAIS USP, Valeria Mendes Tavitan, Doutoranda de psicologia experimental e supervisora do CAIS USP, e Cláudio Sarilho, supervisor do CAIS USP, abordaram a análise semanal do desempenho dos alunos, os programas de ensino focados em comportamento verbal e os programas de ensino com os pais. Os dados de 2020 a 2022 do processo de aprendizagem dos estudantes que participaram na aula associada ao CAIS indicaram que os alunos conseguiram as habilidades terapêuticas necessárias para atender crianças com autismo e seus pais. Além disso, os resultados mostraram que, para a formação dos estudantes, quando a literatura usada nas aulas era na língua materna dos alunos, o desempenho era melhor e a frequência de leitura aumentava. Também foi constatado que as aulas e atendimentos presenciais proporcionaram uma melhoria significativa no conhecimento e na prática.

De esquerda a direita Natalia Mucherioni, Dra João Lucas Bernardi, Thalita Souza da Silva, Valeria Mendes Tavitan e Dra Martha Hübner
Foto: Cintia Ré Cupertino da Silva

Foi apresentado também o seguimento realizado pelas supervisoras do CAIS com os estudantes terapeutas durante suas intervenções, onde foi feita uma análise da performance deles por meio de tentativas discretas. Assim como nas aulas, foi identificado que os estudantes conseguiram adquirir habilidades como a organização de ambiente, o controle do contato visual, o gerenciamento das instruções, das consequências e dos intervalos, e do registro e randomização durante as sessões terapêuticas. Alem de obter resultados de excelência no treino de habilidades terapeutas, o CAIS teve um impactou significativo nas decisões profissionais dos alunos, com 54% dos estudantes já graduados que trabalha atualmente com TEA. Ao igual que os estudantes, os pais foram avaliados pelos terapeutas e supervisores de CAIS, para observar a efetividade dos programas para pais de ensino de comportamento verbal. Os pais tem desenvolvido habilidades de cuidado e de ensino para crianças com TEA, promovendo a independência tanto das crianças como dos pais do processo terapêutico.

Como afirmado os depoimentos presentados ao final, o CAIS-USP é uma instituição de relevância social, científica e formativa fundamental para o Brasil e para o mundo. Tendo em conta as palavras do Dr. Mallot, a ciência pode salvar o mundo, e o CAIS e uma mostra de aquelo. Este evento é, portanto, um convite e uma lembrança para estudantes, professores e a sociedade em geral de fazer parte dele, apoia-lo e continuar incentivando centros que integrem a formação, a aplicação e a extensão baseada na ciência.